AS DEZ MAIS DOS DEPUTADOS DESTE ESTADO
Sim, os deputados da Assembléia Legislativa do Pará, nossos representantes, num esforço supremo, para mostrar serviço, aprovaram na semana passada, como patrimônio cultural de natureza imaterial do estado do Pará, um conjunto de dez (10), somente dez vocábulos do linguajar dos paraenses, são eles: pai d’égua – (excelente); égua (vírgula do paraense, demonstra a emoção de cada intenção da frase); “é-gua” (poxa vida); levou o farelo (se deu mal); pitiú – (cheiro característico de peixe); só – te – digo-vai! (expressão usada pelas mães para chamar, quando não obedecem); te acoca (te abaixa); tuíra – (pele ressecada); mas – como – então? (explique-me); e bora logo! (se apresse).
Aí fiquei preocupado, e como disse meu prezado colega do curso de Letras dos anos 70, na UFPa.,em Belém, João Carlos Pereira: “li e reli e li de novo, mas não entendi nada”, por que só dez palavras, para compor o falar dos paraenses, de um universo lingüístico sem tamanho e para isso foi necessário uma lei, a de nº 7.548 de 12.09.2011? No meu entendimento, passaram um atestado de pobreza vocabular, de idéia, de cultura e de conhecimento da nossa fala e da nossa realidade.
Os deputados com suas brilhantes assessorias, não se preocuparam, nem de consultar as Faculdades que mantém Curso de Letras, pelo menos as que ficam na capital, para assessorá-los, no que iriam informar que a UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ tem obras valiosas e raras sobre os falares paraenses, nas diversas, regiões, (eu inclusive tenho um volume de uma obra de José Malcher, publicado em 1910: ”Os Falares Paraense” e reeditado em 1978). Ou por que, então, não consultaram o comendador Raimundo Mário Sobral que tem dois volumes do Dicionário “Papa Chibé”?
Para quem não sabe, o saudoso Gabriel Pinto, da hospitaleira comunidade de Arapixuna, escreveu um livro sobre os falares dos habitantes da terra da “laranja doce” na nossa região do Baixo Amazonas. Só aí, basta para os nossos legisladores do Estado não se encherem de “pavulagem” e achar que estão prestando um serviço inédito `a cultura lingüística dos paraenses.
Possivelmente quando da publicação deste texto, o caro leitor, esteve ouvindo falar ser o Dia do Professor, este que até agora nenhum Deputado abraçou a causa para solucionar o impasse da greve que vem se arrastando a longos dias. Talvez estes deputados não saibam, como não sabem sobre a cultura lingüística do Pará, quando foi instituída a data consagrada ao professor.
Talvez não saibam que surgiu no dia 15 de outubro de 1827 (dia consagrado a educadora Santa Tereza D’Ávila). D. Pedro I baixou o Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil, descentralizando o ensino, o salário dos professores, as matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os professores deveriam ser contratados. Se a lei fosse cumprida, principalmente quanto ao salário teria sido lindo e maravilhoso. Mas hoje os professores, chamados, também, de profissionais da educação, educadores, sofrem agressões, assassinatos, desrespeito de toda a ordem.
Não se precisa estudar muito, nem de professor para se chegar a uma casa Legislativa. O que é uma pena! Já que não observa o surgimento de renovação e até a própria juventude que se “assanha” para debutar na política, já vem com as idéias viciadas.
Eis, então, porque de legislarem aberrações. Por que só as dez palavras acima? Onde ficarão as demais palavras, do rico universo lingüístico paraense, como dito acima, que não constam da lei?, ”eras te”, “piquixito”, “jito”, “piquiruxo”, “piquititito assim”, “axi porcaria”, “vê se me erra”, “brocado”, ”ilharga”, “te quieta pequena”, “põe na beira”, “perau”, “empanturado” , “tei bei”, “buiado”, “e mais uma porção”, “a ufa já”.
Por: Eduardo Fonseca
É Dr. Eduardo, já não se faz mais político como antigamente. O pessoal da ALEP \”deita e rola\” na nossa \”ilharga\” e nós nos sentimos tão \”piquixito\”, pois eles estão \”buiados\” de dinheiro público e \”a ufa\” pra gente. Mais o povão santareno, quando tem show de forró,rock, reaggue, pagode, futebol, comparece em massa. Agora quando é para sair e protestar contra esta bandidagem e pouca vergonha que se tornou a politica, ninguem vai. Merecemos os políticos que temos. Eta povozinho bobo, \”vê se me erra\”.
como diria o grande Nelson Rodrigues. o povo brasileiro tem a alma de vira lata, quando é para farra, festas, e o oba-oba, a mobilização é geral, mas quando é para lutar por algo que vá trazer beneficios, quase ninguém aparece.
assim cada povo tem o governo que merece.
O Palocci meteu a mão e ninguém protesta. Os deputados elevaram os salários e ninguém protesta. A classe política rouba descaradamente e ninguém protesta.
Agora, se demorarem para abrir as bilheterias, ou se se esgotarem os ingressos…aí o povo vai chiar que é uma beleza.
Eita povinho bobão!!!