Secretário anuncia diretrizes para combater a dengue no Pará
“Enquanto a vacina não vem, a melhor solução é a prevenção, que depende não apenas das ações do poder público, mas sim da atitude de todos os cidadãos, pois 70% dos criadouros estão nas casas”, destacou nesta segunda-feira (10), o secretário de Estado de Saúde Pública, Hélio Franco, ao anunciar, em entrevista coletiva, as principais diretrizes para o combate à dengue em 2011. Na ocasião, o secretário disse que já foi confirmado o 1º caso de dengue tipo 4 no Pará.
Hélio Franco ressaltou que só haverá controle definitivo da dengue no Brasil com uma vacina eficaz, e convocou a população para uma “guerra” contra o mosquito transmissor da dengue, que pode se proliferar em qualquer local com água parada, como ocorre em casas abandonadas em bairros nobres de Belém.
De acordo com o secretário, durante o período chuvoso qualquer pessoa que tenha febre alta, dor no corpo, dor de cabeça e prostração deve ser tratada como caso de dengue, cujo remédio principal é hidratação. “A hidratação com água, suco, água de coco ou soro caseiro evita o agravamento da doença”, garantiu ele. “Quem faz hidratação dificilmente vai a óbito, porque a complicação ocorre quando a parte líquida do sangue sai dos vasos sanguíneos para outras partes do corpo, como pulmão, coração e abdome, daí a importância da hidratação”, explicou. E esclareceu que se a pessoa tiver outra doença, a hidratação não fará mal algum.
Estratégias – Sobre as diretrizes de controle da dengue, Hélio Franco informou que as estratégias do Plano Estadual de Controle da Dengue estão divididas em quatro áreas: Vigilância Epidemiológica, Rede Assistencial, Controle Vetorial e Mobilização Social.
Na área de Vigilância Epidemiológica, as principais ações são a avaliação epidemiológica dos municípios, investigação dos casos graves e óbitos, e garantia de diagnóstico específico, com a realização de exames sorológicos e isolamento viral pelos laboratórios de referência.
Em relação à Rede Assistencial, as ações principais são promover a organização da rede assistencial nos 143 municípios para prevenção, suspeição, diagnóstico e manejo clínico de casos de dengue, e avaliar a organização e o funcionamento da rede assistencial dos municípios, para prevenção e atendimento.
Já a principal ação na área de Controle Vetorial é realizar o bloqueio do vetor em tempo oportuno, a partir das informações dos casos da doença, geradas pela vigilância epidemiológica. Por fim vem a Mobilização Social, que visa envolver a sociedade no combate à dengue no Estado.
Segundo Hélio Franco, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) já está trabalhando com os 143 municípios, priorizando os 32 classificados como de risco muito alto para dengue, conforme a metodologia do Ministério da Saúde, que considera a incidência de casos de dengue em anos anteriores; índices de infestação por Aedes aegypti; monitoramento da circulação viral em anos anteriores; cobertura de abastecimento regular de água e coleta de lixo, e densidade populacional.
Conforme dados do Departamento de Controle de Endemias, em 2010 o Pará registrou 9.089 casos confirmados de dengue, contra 5.455 em 2009. Também registrou 18 óbitos em 2010, três a mais que no ano anterior. A metade dos óbitos ocorreu em Belém.
Os municípios com maior número de casos são Belém, com 2.149, que corresponde a 23,6% dos casos confirmados; Altamira, com 1.318 (14,5%) e Ananindeua com 587 casos (6,4%). No entanto, o município com maior incidência por 100 mil habitantes (4.199/100 mil hab) é Santarém Novo (no nordeste paraense), com 73 registros de dengue, exatamente onde foi confirmado o primeiro caso de dengue tipo 4.
Investigação – A confirmação foi feita pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), no último dia 7. O paciente é um homem de 65 anos, morador de Santarém Novo, atendido no Hospital Regional de Salinópolis, em novembro. A Sespa fará a investigação epidemiológica para saber se o caso é autóctone – se o paciente foi infectado no próprio Estado -, e adotará outras medidas de controle.
Sobre a entrada do novo tipo de dengue no Pará, Hélio Franco informou que o fato é preocupante porque a maioria da população está suscetível, pelo fato de ainda não ter tido contato com o vírus. “Quem já entrou em contato com o vírus da dengue tipo 1, 2 e 3, que já circulam há muito tempo pelo Pará, já está vacinado contra eles, o que não ocorre com o tipo 4, aumentando os riscos de epidemia, pela facilidade de ele se espalhar entre a população”, explicou.
O secretário assegurou que os sintomas de dengue tipo 4 são semelhantes aos dos demais, daí a necessidade de acabar com os possíveis criadouros do mosquito, para que menos pessoas corram risco de se infectar.
Durante a entrevista, Hélio Franco estava acompanhado pela coordenadora de Vigilância à Saúde, Rosiana Nobre; pelo diretor do Departamento de Controle de Endemias, Amiraldo Pinheiro, e pela coordenadora estadual de Controle da Dengue, Carla Garcia.
Roberta Vilanova – Sespa