Ministro das Relações Exteriores do Brasil pede demissão
Desgastado com a operação de “resgate” do senador Roger Pinto que provocou uma crise diplomática com a Bolívia, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, foi obrigado a pedir demissão.
A queda de Patriota foi desencadeada após a operação de libertação do senador boliviano de oposição, organizada pelo embaixador interino do Brasil em La Paz, Eduardo Saboia.
A decisão da presidente Dilma para o “gravíssimo episódio” foi rápida inclusive para mostrar ao presidente da Bolívia, Evo Morales, e ao governo boliviano a sua indignação com o ocorrido. Para o lugar de Patriota irá o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, atual representante do Brasil junto às Nações Unidas
Dilma indicou Patriota para o lugar de Luiz Figueiredo. Eduardo Saboia será submetido a um processo administrativo e deverá ser “severamente” punido, segundo fontes do Palácio, pelo que a presidente Dilma está chamando de “grave quebra de hierarquia”. A saída de Patriota, com quem Dilma já se desgastara, precipita a reforma ministerial programada para o fim do ano.
Dilma já havia conversado com Patriota e determinado que ele cancelasse sua viagem à Finlândia e permanecesse no Brasil para resolver este problema. A presidente estava “inconformada” com o episódio e com a quebra de hierarquia e queria saber exatamente quem sabia da operação idealizada por Saboia.
Por isso, convocou os ministros da Defesa, Celso Amorim, a quem estavam subordinados os fuzileiros que fizeram a segurança do senador boliviano e às Forças Armadas, e da Justiça, José Eduardo Cardozo, a quem a Polícia Federal está subordinada. Queria saber se eles sabiam da operação.
A hierarquia
A conversa entre Dilma e Patriota foi rápida, no Palácio do Planalto. A irritação da presidente Dilma era maior porque a quebra da hierarquia de Saboia não se resumia à operação da madrugada de domingo. Há seis meses, o governo da Bolívia havia feito proposta ao governo brasileiro de que senador boliviano fosse levado de carro até a fronteira com o Brasil e deixado lá, “sem que fosse de conhecimento” do governo local. O senador teria de percorrer 1600 km, durante 22 horas, de carro, até chegar à fronteira brasileira tornando a sua liberdade um fato consumado.
Fonte: Agência Estado