População de Óbidos relembra naufrágio do Sobral Santos
Há 32 anos, o município de Óbidos, no Oeste do Pará, virou manchete nacional e internacional. Pois foi o palco de uma das maiores tragédias ocorridas nos rios da Amazônia. O naufrágio do N/M Sobral Santos, que fazia linha Belém/Manaus com paradas em várias cidades, entre elas, Óbidos, fato ocorrido no dia 19 de setembro de 1981.
Segundo as estatísticas aproximadamente 300 pessoas morreram no acidente que comoveu não só o povo de Óbidos, como o Brasil todo.
MATÉRIA DO JORNAL A CRÍTICA: “No acidente morreram entre 250 e 300 passageiros, mas a tragédia não bastou para evitar os riscos que até hoje correm os que se aventuram por este meio de transporte na rota entre Manaus e Belém, a mais concorrida da hidrovia”, disse o jornal A Crítica de Manaus.
MATÉRIA DO JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO: “O barco “Sobral Santos 2”, que transportava 530 passageiros e 200 toneladas de carga na linha Santarém-Manaus, naufragou na madrugada de ontem (19/09/81) no rio Amazonas, junto ao porto de Óbidos, no Pará. Calcula-se que mais de 300 pessoas morreram no acidente, embora apenas quatro corpos tenham sido resgatados até o final da tarde. A Capitania dos Portos relacionou 178 sobreviventes, dos quais 53 estão internados na Santa Casa de Óbidos. Segundo depoimentos de passageiros, a embarcação navegava com excesso de peso e vinha tendo infiltração de água desde a partida de Santarém. O comandante do barco, Davi Ferreira, teria sido advertido do perigo. Caso o número de mortos seja confirmado, este é o maior naufrágio já registrado na Amazônia”, noticiou a Folha de São Paulo.
MORADORES RELEMBRAM TRAGÉDIA: A tragédia mudou a rotina da pequena Óbidos onde a população se acotovelava em frente a cidade para ver o resgate das vítimas.
Perguntamos para o gerente do Banco do Brasil aposentado, João Andrade, se ele se lembrava desse dia: “Eu lembro que cheguei em casa lá pelas 5 da manhã e quando foi às 7 me acordaram com a novidade. O cais ficou bastante movimentado. Lembro que ainda namorava com a Tânia (esposa) e o point era ir pra ver o resgates dos corpos. Lembro também de caçambas da Prefeitura conduzindo diversos corpos para serem enterrados. Era um sábado”, lembrou João. Aliás, o ex-gerente do BB demonstrou ter boa memória, relembrando vários momentos desse fatídico dia. “Lembro que chegaram uns mergulhadores de Manaus e todo mundo dizia que eles mergulhavam e furavam os corpos pra não boiarem, a mando do dono do barco. Também lembro que um amigo nosso embarcou e quando notou o barco afundando ele pulou n’água e perdeu a maleta. Que um casal em lua de mel saiu semi nú do camarote e foi socorrido na casa do pai ou do tio da Marilza. Lembro que levaram dinheiro molhado pra trocar no banco e fedia demais”, recorda João Andrade.
Outra que também se lembra dessa data é a senhora Eulina Cavalcante: “Lembro com muita tristeza. Foram momentos de muito desespero. Muitas vidas se indo em frações de segundos”, lamentou Eulina.
A senhora Nilce Farias lembra que estava em Altamira quando aconteceu a tragédia, mas recorda de muitas coisas porque um tio seu, estava no navio e não conseguiu se salvar. “O tio Euclides Farias morreu imprensado num freezer e a tia, mulher dele, não sabia nadar e se salvou numa botija vazia de gás. Pensa o que é isso? Ela lembrava e chorava muito por causa disso”, declarou.
O acidente também serviu para demonstrar a solidariedade do povo obidense, observou João: “A cidade estava no cais. Foi muito triste e foi ali que vi que o obidense é solidário”.
Fonte: RG 15/O Impacto e Folha de Óbidos
meu DEUS QUE TRAGEDIAPARA O POVO OBIDENSE