“Tudo vai se acabar na quarta–feira”

Como este final de semana é carnaval, tudo vai parar para só se retornar na quarta-feira. Mas, hoje, apesar das tristezas, eu não quero chorar. Porque, como diziam os antigos, tristezas não pagam dívidas.

Mas como a tristeza dói, dói no meu corpo, a dengue, que não está na estatística da Secretaria de Saúde do Município, nem a minha, nem a do companheiro Osvaldo de Andrade, nem a Dr. Olivar e sua esposa, porque não fomos, apesar do corpo moído, enfrentar o sufoco da desassistência, prestada pelo Pronto Socorro Municipal à população santarena que paga os seus impostos, independente da classe social. A dengue está descontrolada em Santarém, as estatísticas estão super furadas. Uma lástima!

Por isso creio que este ano, o meu carnaval não vai ser igual, aquele que passou. Se assim continuar, nós vamos brincar separados.

E por falar em carnaval, eu militei muitos anos como compositor, carnavalesco, empurrador de carro e, simplesmente, brincante. Confesso que senti este carnaval, meio frio, será por causa da grande quantidade de chuva? Sem polêmica! O que aconteceu?

Não brigaram com a Prefeitura, nem com a Secretaria de Cultura, nem com a ASAC, nem com a LIBES! Nem com o coordenador do carnaval? O que houve? Amadureceram? Evoluíram? O que fizeram para que ficassem calados?

Ninguém reclamou, nem do local dos desfiles oficiais, da ordem do desfile, dos dias programados. Puxa! Mudou o carnaval ou mudei eu? Creio que eu mudei? Dou mão à palmatória. Fui brincante desde criança, tanto no carnaval quanto no São João, quando não havia Conselho Tutelar. Coisa chata! (Sempre estão tolhendo a liberdade das crianças).

Do carnaval do Morcegão, do Mascarado Fobó, das colombinas, dos Pierrot, dos bonecões, como Mamãe Dolores, dona cegonha. Brinquei no Ases do Samba, no Unidos das Acácias, do Boto Cor de Rosa, ia atrás do Breguelhegue, do Bloco da Pulga, saí até no Chapeuzinho Vermelho (do saudoso Isaías Sete – que falta faz ao carnaval santareno). Onde dava para sair, saía-se e arrematava-se no carnaval dos salões dos clubes tradicionais da Cidade, com colares de havaianas, sarongues, chapéus de palha, ao som das marchinhas carnavalescas, tocadas, por Adalgiso e Mimi Paixão, NEN, Mano Pedro, Laurimar Queiroz, os Hippies, Os Sarmentos. E muitos grandes artistas da música local.

Não havia axé, e não se tirava o pé do chão. Mas havia o concurso de fantasia e da rainha e da princesa do Carnaval, adulto e mirim. Não havia abadá, nem caximam, havia, sim, fantasias, muitas espontâneas, era engraçado se tranvestir, transformando-se em mulher. Hoje, já está normal, não precisa o Juvenal entrar na passarela para se querer saber se é ele ou ela. Já está na cara! Por isso desbancaram As Piranhas Depravadas. Ficamos todos Unidos na Saudade. E como Grande Família, só restou o Cacique da Prainha.

E nestes tempos de 51, lembrei-me do Bloco do Tatuzinho, do Grupo Xerfan e da Toalha. O bloco do Barbosão – o primeiro a promover arrastão em Santarém. Havia também o Baile Infantil, alguns os chamavam de Baile da Bicharada. Hoje teria outro significado, não seria bem aceito.

Levaram o carnaval da cidade para a Vila de Alter do Chão, com todo aparato governamental, que está se tornando a cada ano uma baboseira geral, contrastando–se com a beleza natural, que Deus lhe premiou e o homem está maltratando. Os moradores estão reclamando, pra quem? Criaram inúmeros blocos apelativos, quando só se conhecia o Há jacu no pau (saudoso César Siqueira).

Assim, entre uma refrega e outra da dengue, consegui fazer este texto para não passar em brancas nuvens. Por isso use a “bandeira branca, amor!”, um carnaval de paz, e tudo vai se acabar na quarta-feira, numa boa, desta maneira estará evitando desfilar no bloco “o que é que vou dizer em casa”, que sai na quarta-feira, da Central de Polícia.

 Por: Eduardo Fonseca

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