Ladrões de senhas bancárias são três vezes mais comuns no Brasil

O analista de vírus da McAfee Guilherme Vênere estava curioso a respeito da presença de vírus capazes de roubar senhas bancárias no Brasil. Vênere realizou um levantamento com base em dados coletados pela empresa e descobriu que ladrões de senhas bancárias são 3,6 vezes mais comuns no Brasil do que em outras partes do mundo. E ainda: as pragas mais comuns internacionalmente praticamente não existem no Brasil.

Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados, etc), vá até o fim da reportagem e utilize a seção de comentários. A coluna responde perguntas deixadas por leitores todas as quartas-feiras.

O analista de vírus Guilherme Vênere,da McAfee

Os dados foram coletados entre janeiro e maio de 2011 e refletem apenas o que é detectado pelas ferramentas empresariais da McAfee.

Segundo o pesquisador, a intenção é verificar se vírus comuns internacionalmente como o SpyEye e o Zeus serão mais usados no Brasil após a publicação do código fonte desses vírus, o que ocorreu ao longo do ano. Para ter a base de comparação, Vênere levantou os dados e percebeu que o Brasil tem três vezes mais códigos maliciosos que roubam senhas de banco do que a média mundial.

A pesquisa envolveu dados de 2,1 milhões de computadores infectados no Brasil e 47 milhões no mundo todo. Os dados mostram que o Brasil pode ter 4,5% de todos os computadores infectados. Nas infecções que roubam senhas de banco, apenas 1% delas têm essa característica no mundo. No Brasil, são 3,6%.

O pesquisador brasileiro, que mora no Chile, afirma que os bancos brasileiros têm boas soluções de segurança, bem melhores que a de outros países da América Latina. No entanto, o uso da internet no Brasil cresceu muito e os usuários novos desconhecem os riscos.

“São usuários novos sem muito conhecimento sobre segurança. Então os criadores de vírus se aproveitam disso. Eles sabem que tem muita gente começando a usar o computador agora, que está usando internet banking e que não conhecem muito bem esse problema de segurança”, explica o analista.

Os dados mostram que o número de infecções no Brasil está crescendo junto com a chegada novos internautas. “O Brasil está sempre aparecendo na lista como um dos países com maiores problemas de infeções por vírus. Isso é preocupante”, afirma Vênere.

Produção nacional

Vírus SpyEye é vendido para criminososroubarem senhas. No Brasil, praganão é usada.

Os vírus usados no Brasil são produzidos para serem usados exclusivamente contra brasileiros. No mundo, as pragas Zeus, SpyEye e Pinkslipbot são a maioria dos vírus capazes de roubar senhas de banco. No Brasil, esses vírus são apenas 1% das infecções com essa função.

“As [infecções] prevalentes no Brasil não aparecem no resto do mundo. E o SpyEye, que aparece bastante na Europa e no Canadá, quase não existe no Brasil”, conta Vênere.

Mesmo entre os computadores que estavam infectados com alguns desses vírus “estrangeiros”, nenhum é capaz de roubar bancos nacionais. Segundo Vênere, o que acontece nesses casos é um vírus feito para atacar internautas de outros países que, por algum motivo, acabou atacando um brasileiro.

O pesquisador da McAfee quer realizar o estudo novamente dentro de alguns meses. A ideia é verificar se o vazamento do código fonte do SpyEye e do Zeus fará com que brasileiros passem a adaptar esses vírus para serem usados contra bancos brasileiros.

O SpyEye e o Zeus são ladrões de senhas comerciais, disponíveis apenas criminosos que pagarem para usá-los. Com a liberação do código fonte, qualquer um poderá usá-los sem pagar – a daí a possibilidade de aumento. O Zeus também é conhecido por ter versão para celulares.

*Altieres Rohr é especialista em segurança de computadores e, nesta coluna, vai responder dúvidas, explicar conceitos e dar dicas e esclarecimentos sobre antivírus, firewalls, crimes virtuais, proteção de dados e outros. Ele criou e edita o Linha Defensiva, site e fórum de segurança que oferece um serviço gratuito de remoção de pragas digitais, entre outras atividades. Na coluna “Segurança digital”, o especialista também vai tirar dúvidas deixadas pelos leitores na seção de comentários. Acompanhe também o Twitter da coluna, na página http://twitter.com/g1seguranca.

Do G1

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