Doenças de Chagas já matou duas pessoas em Belém

Fechamento dos postos após a blitz é por tempo indeterminado

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) de Belém informou na última quinta-feira (20) que foram confirmados 39 casos de doença de Chagas e duas mortes na capital paraense desde janeiro deste ano. Vinte e duas notificações foram confirmadas apenas em outubro. Nove pacientes relataram o consumo de açaí em cinco pontos de venda do produto no Bairro do Telégrafo.

Entretanto, somente essa semana devem ser enviadas para análise as amostras do açaí para determinar se o fruto é o foco da doença, informou Patrícia Pina, diretora do Departamento de Vigilância Sanitária (Devisa), órgão ligado à Sesma.

“Na semana passada, foram coletadas amostras de diversos pontos de venda de açaí para passarem por testes no Laboratório Central (Lacen), mas esse teste indica apenas a presença de salmonela e coliformes fecais. O Lacen não atesta a contaminação pela doença de chagas”, explica.

De acordo com Patrícia Pina, a demora para analisar as amostras em busca da doença se deu por causa de um levantamento para determinar que laboratório estaria apto a executar o procedimento. As amostras serão encaminhadas para o Instituto Evandro Chagas (IEC).

Mesmo a contaminação do fruto não sendo confirmada, medidas preventivas foram adotadas pela Sesma. Ontem pela manhã, uma ação conjunta da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) e Secretaria Municipal de Economia (Secon) determinou o fechamento de quatro pontos na feira do Telégrafo.

Antônio Veloso ainda não estava conformado com o fechamento de seu estabelecimento. “Trabalho a 17 aqui na feira. Não sei como vou recomeçar. A imagem da gente fica abalada. A safra do açaí esta na reta final, não sei se vou conseguir recuperar o prejuízo”, reclama.

Na última sexta-feira (21), o Departamento de Vigilância Sanitária (Devisa), da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), determinou o prazo de 72 horas para a suspensão das atividades de quatro pontos de comercialização da polpa da fruta no Telégrafo. De acordo com a notificação, a justificativa seria a falta de licença de funcionamento.

“A medida é por tempo indeterminado. Ponto em questão estava em cima da calçada, em frente a um bueiro. Boa prática não esta sendo obedecida”, avalia Roberval Feio, diretor da Sesma.

Ao ser questionado do porquê outras barracas também estarem comercializando alimentos – como farinha e refeições – e não correrem risco de fechamento, o diretor argumentou. “É necessário o aval da Sesma. A venda de açaí tem uma legislação especifica. Se ele vender qualquer outra coisa, pode funcionar”, disse.

Cerca de 300 feirantes trabalham na feira do Telégrafo. A maioria das barracas está em situação irregular, ocupando calçadas e a via.

No Jurunas, mais descaso com o consumidor: balcão acumulando sujeira e limo; a máquina para extração da polpa do açaí com pontos de ferrugem, implorando por uma manutenção; paredes de madeira e chão de cimento. Estas eram as condições do ponto de venda fechado ontem. Após visita à feira do Telegrafo, a fiscalização seguiu para fechar este ponto, que teria sido alvo de denúncias.

“Estamos aqui defendendo a saúde da população. Entendemos o lado social, que essas pessoas dependem desse trabalho, mas se você tomar o açaí daqui, provavelmente irá ficar doente”, atestou Patrícia Pina, diretora do Devisa.

O estabelecimento localizado na Bernardo Saião com Fernando Guilhon, no bairro do Jurunas, fez parte de uma blitz surpresa. De acordo com a Sesma, o local já havia sido notificado este ano por não ter se adequado ao processo de licenciamento.

Para a comercialização da polpa do açaí, o estabelecimento deve estar previamente registrado junto à Vigilância Sanitária, responsável pela expedição da licença de funcionamento, de acordo com a determinação do Termo de Ajuste de Conduta (TAC). Assinado em 2008 pelos os batedores, a Prefeitura e o Ministério Público, o documento regulariza a escala produtiva do preparo e venda do açaí.

Para conseguir a liberação o comerciante deve pagar uma taxa de R$65, se submeter uma vistoria técnica e cumprir as exigências do laudo.

Dentre as exigências do TAC, as instalações físicas como piso, parede e teto destinados à elaboração do suco de açaí devem possuir revestimentos lisos, impermeáveis e laváveis. Deve haver tanques para lavagem e local próprio para armazenamento e descarte de resíduos. “É um investimento de uns R$20 mil. Estou tentando me regulamentar, dei entrada no processo. Mas é muito dinheiro”, diz o proprietário Antonio Pinto.

De acordo com a Sesma, há 500 pedidos de licenciamento pendentes. Desde o inicio do ano a fiscalização do órgão já fechou 20 estabelecimentos em Belém.

Fonte: DOL

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